A posição de confronto por parte do associativo do Vasco se intensifica a cada semana. O vice-presidente jurídico do clube, Felipe Carregal Sztajnbok, fez duras críticas ao balanço da SAF publicado na terça-feira (30). O VP nomeado por Pedrinho vê uma “gestão caótica da 777 Partners”.
O lado da associação não publicou o balanço relativo a 2023. O prazo acabou na terça-feira. Procurado pelo ge para explicar o atraso, Carregal Sztajnbok respondeu às questões e atacou a SAF.
Críticas à SAF
O VP jurídico entende que a 777 “gasta muito sem objetividade” e afirmou que há preocupação no associativo sobre o futuro da SAF do Vasco:
“No português claro, estão enxugando gelo. Todo mundo sabe que essa estratégia não ataca a origem do problema. A dívida nunca será paga. Em resumo, a situação é péssima. E, pior, continua crítica considerando o aporte deste ano e o do ano que vem, que será o último. Mesmo assim, a Vasco SAF ainda continua no vermelho. Estamos muito preocupados com o futuro da Vasco SAF.”
“Temos bons exemplos de SAFs no Brasil que estão atacando a dívida e reduzindo o passivo rapidamente. O Bahia, do City, é uma delas. Se você mata a dívida, o que entra para a SAF entra limpo, no caixa, para investimento”, seguiu Carregal.
“Esse é o primeiro grande passo em direção ao equilíbrio financeiro. A Vasco SAF, como se vê no balanço, está bem longe disso”, finalizou ele.
Procuradas pelo portal ‘ge’ para responder às críticas, a SAF do Vasco e a 777 Partners não quiseram se manifestar.
Punições para o Vasco
A gestão de Pedrinho corre o risco de sofrer penalidades por não ter publicado o balanço financeiro dentro do prazo estabelecido pela Lei Geral do Esporte.
Desde 1998, a legislação brasileira prevê obrigações contábeis de ligas desportivas, entidades e clubes. Em caso de não cumprimento, há até a possibilidade de afastamento do presidente.
Em nota nas redes sociais do clube associativo, a direção do Vasco responsabilizou a gestão do ex-presidente Jorge Salgado pelo atraso, que teria sido causado pela redução do número de funcionários do departamento financeiro do clube – o que, na visão da gestão de Pedrinho, teria dificultado a obtenção de informações e documentações para elaboração do balanço.
Salgado respondeu às alegações da diretoria de Pedrinho e disse que “não pode concordar com a triste tentativa de se criar uma narrativa irreal para transferência de responsabilidades”.
A dívida do Vasco
Da dívida de cerca de R$ 700 milhões que a SAF assumiu do clube, R$ 210 milhões foram pagos até o momento – R$ 90 milhões em 2022 e R$ 120 milhões no ano passado.
Considerando atualizações e correções registradas no resultado financeiro da empresa, a redução líquida da dívida é de R$ 60 milhões.
Um dos principais desafios é diminuir o custo desta dívida, o que implica em renegociar para obter descontos, redução de juros e alongamento.
Bomba-relógio
A quantidade de gastos e o custo operacional da SAF foram pontos criticados pela gestão de Pedrinho. O vice-presidente jurídico do CRVG citou o parecer do Conselho Fiscal da SAF e da auditoria para reforçar que a Vasco SAF “corre risco de falência”:
“Está muito claro que estamos sentados em cima de uma bomba-relógio. O Conselho Fiscal da SAF e a auditoria independente foram muito didáticos acerca do risco de falência da Vasco SAF. Não sou eu que estou dizendo isso. São especialistas. A Vasco SAF está alavancada, com um custo operacional altíssimo. Está se gastando muito sem objetividade, sem planejamento.”
O VP Jurídico apontou que não existe transparência:
“A gestão da Vasco SAF é totalmente contrária às diretrizes definidas na lei da SAF. Não tem gestão profissional, não tem governança, não tem transparência, não tem investimento em estrutura – até hoje não temos um CT digno. A lei da SAF foi criada para, além de oxigenar clubes em dificuldade financeira, trazer gestão profissional para o futebol. A 777 está fazendo o contrário.”