Do desabafo na Argentina ao discurso em Itaquera: agora reserva do Corinthians, o goleiro Cássio recebeu apoio do clube durante uma semana difícil.
O goleiro ficou no banco de reservas contra o Fluminense e pediu para falar ao elenco após a vitória por 3 a 0 neste domingo, na Neo Química Arena.
Discurso ao elenco
Durante o discurso, Cássio revelou que teve a opção de folgar no fim de semana, caso preferisse, mas optou por participar do jogo. Carlos Miguel foi o titular do Corinthians.
O jogador destacou que é importante não ter vaidade:
“Primeira coisa é não ter vaidade. Quando o Mister falou que o Carlos Miguel ia jogar, falou que me dava folga se eu quisesse. Mas que líder seria eu, e que índole eu teria, se deixasse vocês na mão? Jamais faria isso, e na situação e que a gente estava. Um vai jogar, outro vai jogar, mas temos de estar prontos para ajudar quem vem jogando.”
“Grupo ganha coisas. Pode até estar chateado por não jogar, mas ter humildade de ajudar o companheiro… Acho que esse é o caminho”, completou o goleiro em um vídeo divulgado pela Corinthians TV.
Apoio a Cássio
Ainda em Buenos Aires, na madrugada da quarta-feira passada, Cássio recebeu apoio dos funcionários do Corinthians, que buscavam compreender o desabafo feito pelo goleiro minutos após o apito final da derrota para o Argentinos Juniors, em um jogo válido pela Copa Sul-Americana.
Durante a conversa, o foco era a preocupação com a saúde mental do principal ídolo do clube, que deixou claro que as cobranças pelos maus resultados da equipe na temporada estavam impactando sua vida, tanto dentro quanto fora de campo.
Fabinho Soldado, executivo de futebol, falou sobre a entrevista de Cássio e o desabafo sobre a pressão ao goleiro:
“Atuamos desde lá, assim que ele deu a entrevista, nós já começamos a trabalhar. Internamente já foi feito tudo que tinha que ser feito. Já foi tudo conversado, o Cássio é um grande ídolo, estamos tratando, cuidando do ser humano. Então, é isso que foi feito e ele está aí, está nos ajudando também, ele também está à disposição e a gente está feliz, porque ele está disposto a isso.”
Proteção ao goleiro
Nesse intervalo, desde o momento do desabafo até a divulgação da escalação para o jogo seguinte, com Cássio no banco de reservas contra o Fluminense, o Corinthians adotou medidas para proteger e blindar o camisa 12 da pressão enfrentada pelo time.
O clube até chegou a oferecer a liberação do goleiro para o jogo. No entanto, ele optou por permanecer entre os relacionados.
António Oliveira fala sobre o assunto
No pré-jogo, antes de enfrentar o Fluminense, o primeiro a falar publicamente sobre o goleiro foi António Oliveira:
“Cássio é um assunto nosso. Já bateram tanto nele, acho que chegou um ponto que já chega. Eu acho engraçado que é a vida toda a bater e depois (vocês) têm pena. Devíamos ter um pouco mais de respeito e até termos mais cautela no que perguntamos, temos um impacto na vida das pessoas. Andaram a bater, a bater e agora têm pena? Agora já é tarde. Saúde mental… As pessoas passam o pano, o que querem é notícia. Sobre o Cássio, é assunto nosso e não diz respeito a ninguém.”
Após o jogo, António Oliveira voltou a falar sobre o goleiro:
“Eu já tinha falado de saúde mental no jogo contra Atlético-MG, as pessoas devem ter cautela e atenção. As pessoas andam a bater e depois quando as coisas acontecem tem pena. Agora já é tarde. Os mesmos que têm pena são os que carregaram. Sobre Cássio, é uma conversa minha e dele, ninguém tem nada a ver com isso. Minha forma de gerir. Ser treinador não é só 4-4-2, 4-3-3, é muito mais que isso. Isso é 20%, o resto é gerir um grupo de trabalho com 30 egos diferentes. Cássio não é culpado de nada, estamos aqui para ajudar, ele vai voltar forte, temos de olhar sempre para o ser humano.”
O retorno de Cássio
O retorno de Cássio ao time titular dependerá de sua recuperação no dia a dia e também de uma oportunidade para Carlos Miguel. Além disso, fora de campo, o camisa 12 tem recebido suporte de profissionais da área da psicologia.
O clube também disponibiliza pessoas especializadas nessa área, como Anahy Couto, uma psicóloga contratada no ano.