Grêmio, Estudiantes, o Estádio Jorge Luis Hirschi e um clima de sobrevivência na Copa Libertadores. Nesta terça-feira, o Tricolor volta a encontrar o rival argentino no local da icônica “Batalha de La Plata”, de 1983.
Mais de quatro décadas depois, o duelo também tem caráter decisivo. O futuro da equipe na competição está em jogo.
A situação do Grêmio na Libertadores
Zerado no Grupo C após duas rodadas, o Grêmio precisa da vitória diante do Estudiantes para manter viva a esperança de avançar na briga pela classificação.
Embora um empate ou uma derrota não eliminem o clube, eles complicariam ainda mais uma situação já difícil para alcançar as oitavas de final, o que seria um grande revés na temporada para um time que colocou a Libertadores como prioridade.
O Estudiantes está atualmente na liderança do grupo junto com o Huachipato, ambos com quatro pontos, enquanto o The Strongest ocupa a terceira posição, com três pontos.
Para os argentinos, esta partida representa uma oportunidade não apenas de consolidar sua posição na tabela, mas também de complicar um concorrente direto na briga pela classificação.
“Não começamos bem nas primeiras partidas, então temos obrigação de somar em um estádio complicado como o do Estudiantes. Vamos com expectativa de conseguir os três pontos”, disse o goleiro Marchesín.
“O Estudiantes tem uma história aguerrida. Vamos tratar de conseguir os 3 pontos que precisamos e mostrar a história do Grêmio, também bastante aguerrida”, completou Kannemann.
A Batalha de La Plata
A partida entre Grêmio e Estudiantes pela Libertadores há 41 anos foi disputada em um cenário completamente diferente, ocorrendo na fase semifinal do torneio. Naquela ocasião, o regulamento previa duas grupos de três equipes.
Além do Grêmio e do Estudiantes, o América de Cali também estava na disputa.
O confronto em La Plata era crucial para o Grêmio, pois uma vitória garantiria sua classificação para a final. Em uma partida intensa, o Tricolor chegou a abrir 3 a 1 no placar.
No entanto, mesmo com quatro jogadores a menos, o Estudiantes conseguiu buscar o empate. Valdir Espinosa, treinador do Grêmio na época, chegou a afirmar anos depois que “alguém morreria” se o Tricolor vencesse.
O jogo ficou marcado como a “Batalha de La Plata” por conta do clima hostil e bélico. O resultado, que teve gosto de derrota para o Grêmio, foi influenciado pela hostilidade desde o momento em que a delegação tricolor desembarcou em Buenos Aires até o retorno a Porto Alegre.
A catimba do Estudiantes foi apenas uma parte do ambiente hostil, que incluiu ataques ao ônibus do Grêmio e até mesmo ao goleiro Mazaropi, que foi alvo de pedradas e rojões atrás do gol.
No intervalo, o placar estava empatado em 1 a 1 e o Estudiantes já tinha dois jogadores a menos. No túnel do vestiário, Caio foi alvo de pontapés, um deles atingindo seu tornozelo e o forçando a sair de campo por lesão.
Renato, autor de um dos gols do Grêmio, testemunhou de perto cenas que transcendiam o futebol. O temor de não retornar para casa, apesar da vantagem numérica de quatro jogadores, estava presente no 3 a 3.
O estádio onde ocorreram os confrontos históricos entre Grêmio e Estudiantes era o mesmo do duelo desta terça-feira. No entanto, o Jorge Luis Hirschi passou por uma reforma e foi reinaugurado em 2019.
Na ocasião em que os times se enfrentaram pela Libertadores 2018, o jogo ocorreu em Quilmes devido às obras no estádio de La Plata.
Ao longo da história, o Grêmio enfrentou o Estudiantes cinco vezes na Argentina, quatro delas no antigo estádio, com um registro de uma vitória, dois empates e duas derrotas (uma delas em Quilmes). A vitória em 1989 foi um marcante 3 a 0 na Supercopa Libertadores, competição disputada nas décadas de 1980 e 1990.