Nesta segunda-feira (25), Vini Jr falou sobre os ataques racistas a qual tem sido alvo nos últimos meses no futebol espanhol. O atacante brasileiro, que atua no Real Madrid, falou sobre uma dica que deu a Endrick, que anotou seu primeiro gol pela Seleção Brasileira.
O jogador, que estará no amistoso entre Brasil x Espanha, falou sobre seu sentimento após um ano do acontecimento no jogo contra o Valencia e destacou se já pensou em deixar o futebol espanhol.
Dica para Endrick
No amistoso contra a Inglaterra, no sábado (23), Endrick, que jogará com Vini no Real Madrid, anotou o seu primeiro gol com a Seleção Brasileira. Questionado sobre a conversa que teve com o colega, de 17 anos, o atacante revelou:
“Muito feliz de ver o Endrick fazendo o seu primeiro gol na Seleção e eu acompanhando de perto. Encontrei ele com 15 anos e ele tinha os mesmos sonhos que tem agora, de ser muito feliz, fazer grandes coisas no futebol. Ele vem evoluindo a cada dia, amadurecendo, fazendo tantas coisas com apenas 17 anos. Isso é importante para ele, para a família, espero que possa seguir no caminho certo, escutar as pessoas mais experientes que ele, como eu tive o meu processo aqui no Real Madrid, escutar essas pessoas e amadurecer tão rápido.”
O atacante destacou a pressão em chegar tão novo no Real Madrid. “Por chegar aqui com 18 anos, é importante ter essa tranquilidade, é o maior clube do mundo, tem muita pressão, muitas pessoas falando bem e mal de ti. Espero que ele possa fazer tudo de melhor”, analisou.
“Se ele estiver bem, eu vou estar bem, se eu estiver bem, meus companheiros estarão bem. Se meus companheiros estiverem bem, o clube vai estar bem. Espero que ele possa ter tranquilidade, vou estar aqui para ajudá-lo em tudo”, garantiu Vini.
Jogo no Santiago Bernabéu
Sobre atuar pela Seleção no Santiago Bernabéu, casa do Real Madrid, o atacante destacou que é um sonho a ser realizado. “Vai ser um sonho realizado para mim, poder jogar na minha casa aqui na Espanha, o Bernabéu, com a camisa da seleção brasileira, onde sempre sonhei estar. E pela primeira vez com a torcida contra”, contou.
“Vai ser um duelo muito importante para as duas seleções, algumas das maiores do mundo, faz tempo que não se enfrentam. A gente gosta de jogar contra os melhores, como foi contra a Inglaterra, conseguimos fazer um grande jogo”, revelou Vini.
“Hoje tem a preparação para o jogo de amanhã contra alguns companheiros meus, estou muito feliz e ansioso para esse duelo, espero que o Brasil possa sair vencedor”, completou o atacante brasileiro.
Ataques no jogo contra o Valencia
Questionado sobre o período de um ano contra o Valencia, o jogador contou que vem sendo cada vez mais insultado:
“A cada denúncia, cada vez mais as pessoas me insultam. Eles pensam que estou contra a Espanha, mas não estou contra a Espanha, estou contra os racistas do mundo, de toda parte. Quero igualdade. Depois de um ano, tive muitos contatos, reuniões, conversas com pessoas que querem fazer as coisas evoluírem e outras que só querem escutar o que eu tenho para falar, mas não querem colocar nada para frente.”
O atacante revelou toda a sua trajetória após a denúncia. “Todo dia tenho que botar minha cara aqui, quem gosta de mim vai falar bem, quem não gosta vai falar mal. Tenho que tentar assimilar isso, pois grandes federações e pessoas importantes no mundo podem fazer isso comigo, mas muitas vezes têm receio”, contou.
O atacante, por fim, pediu ajuda de entidades do futebol:
“Eu peço ajuda à Fifa, Conmebol, Uefa, CBF, grupos grandes que podem realmente combater isso. LaLiga está evoluindo, tentando melhorar, mas as coisas (leis) da Espanha não deixam eles fazerem tanta coisa. Às vezes é complicado, não posso falar da Liga, eles tiveram reuniões comigo, querem evoluir, mas aqui o racismo não é crime, é meio complicado para eles. Os jogadores também estão me ajudando.”
Saída da Espanha?
Questionado se, após todos os ataques, pensou em sair da Espanha, o jogador destacou que não passa isso em sua cabeça:
“Não tenho pensado tanto em sair daqui. Se saio daqui, dou aos racistas o que eles querem. Vou seguir aqui lutando, jogando no melhor clube do mundo, ganhando títulos, marcando gols, as pessoas vão ter que ver cada vez mais meu rosto. Sigo evoluindo para fazer essas coisas, jogar futebol, dar alegria à minha gente e a todo mundo que vai ao estádio. Os racistas são minoria.”
“Como sou um jogador atrevido, que joga no Real Madrid, ganhamos muitos títulos, é muito complicado, mas vou seguir firme e forte porque o presidente e o clube me apoiam”, finalizou Vini Jr.