Na próxima quarta-feira (20), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) irá julgar o pedido do governo italiano para que o ex-jogador cumpra sua pena em território brasileiro. Robinho está esperançoso por um veredito favorável, porém, caberá recurso da decisão, independentemente do resultado.
“Espero que aqui no Brasil, eu possa ter voz que não tive lá fora. Você quer mostrar suas provas, e não entendi o porquê, provas tão relevantes para qualquer pessoa, para eles (Justiça da Itália) não foram”, disse o ex-jogador em entrevista para a Record TV.
“Todos aqueles que julgam, possam ver minhas provas. Eu não sou esse monstro. Não fui uma pessoa durante 10 anos e me tornei outro”, completou ele.
No julgamento do STJ, existem três possibilidades para o desfecho do caso:
- O STJ pode concordar com o pedido italiano, resultando na decisão de que o ex-jogador cumpra sua pena em território brasileiro;
- O pedido italiano pode ser rejeitado pelo STJ, o que implicaria na continuidade da execução da pena na Itália;
- O STJ pode decidir que o processo deve recomeçar do zero no Brasil, provavelmente devido a questões processuais ou jurídicas.
A situação de Robinho
Robinho foi condenado em 2017 por atos que ocorreram em 2013. Após esse veredito, a sentença foi confirmada em instâncias posteriores, e em janeiro de 2022, a mais alta corte da Itália finalizou qualquer possibilidade de recurso.
Desde então, a Itália solicitou a extradição de Robinho para as autoridades brasileiras. No entanto, como o Brasil não extradita seus cidadãos, esse pedido não foi atendido. Em vez disso, as autoridades italianas agora buscam que a pena seja cumprida no Brasil.
O parecer do Ministério Público Federal concorda com esse pedido. Segundo o subprocurador da República Carlos Frederico dos Santos, essa posição “respeita tanto a Constituição Federal quanto o compromisso de repressão da criminalidade e de cooperação jurídica internacional do país”.
Robinho tem morado no litoral paulista desde que retornou ao Brasil. Recentemente, ele foi visto no Centro de Treinamento do Santos e até participou de um churrasco com o elenco profissional.
No entanto, horas após o ocorrido, o clube emitiu uma nota oficial esclarecendo que o ex-jogador não foi convidado para o evento e que sua presença no CT se deu apenas para entregar um exame médico de seu filho, que integra a equipe sub-17.
O crime de Robinho
O crime cometido por Robinho ocorreu na Sio Café, uma boate renomada em Milão, na madrugada de 22 de janeiro de 2013. Na época, Robinho era uma das estrelas do Milan.
Além dele e de Falco, outros quatro brasileiros, conforme a denúncia da Procuradoria da cidade, estiveram envolvidos na violência sexual contra uma mulher de origem albanesa.
Esses amigos do jogador, que o acompanhavam no exterior, deixaram a Itália durante a investigação. Eles não foram formalmente acusados, apenas mencionados nos registros judiciais.
A vítima, que residia na Itália há alguns anos na época, foi à boate com uma amiga naquela noite para celebrar seu aniversário de 23 anos. A violência ocorreu no camarim do estabelecimento. Hoje, ao final desta semana, ela completará 32 anos.
Desde que a vítima denunciou o estupro coletivo envolvendo o jogador, há nove anos, a Itália testemunhou diversos episódios semelhantes ganharem destaque, alguns dos quais envolvendo filhos de políticos.
De acordo com dados do judiciário italiano, os acusados são predominantemente jovens com idades entre 20 e 25 anos (Robinho tinha 29 anos quando foi acusado do crime).