O acordo realizado pelo São Paulo com o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) estadual para evitar o julgamento de atletas e dirigentes denunciados pelas confusões após o clássico contra o Palmeiras é o maior já feito pelo tribunal paulista. As multas totalizam R$ 205 mil.
O Palmeiras, pelo menos oficialmente, não participou e não foi informado das negociações iniciadas no início da semana. O clube alviverde não é parte do processo e não tem autoridade para solicitar a anulação do acordo feito pelo São Paulo.
O acordo do São Paulo
O São Paulo tem um prazo de cinco dias, contados a partir da terça-feira (12), quando a transação foi homologada, para depositar o valor das multas. De acordo com o presidente do TJD, Antonio Olim, o montante será integralmente destinado à Federação Paulista de Futebol, que é a mantenedora do tribunal.
Na semana passada, a procuradoria do TJD denunciou o lateral Rafinha, o meia Welington Rato, o atacante Calleri, o auxiliar Estéphano Kiremitdjian Neto, o presidente Julio Casares, o diretor de futebol Carlos Belmonte e o adjunto Fernando Bracalle Ambrogi.
Eles foram ao vestiário da arbitragem após o empate em 1 a 1 com o Palmeiras, no Morumbi, para reclamar do árbitro Matheus Delgado Candançan. Os atletas e o auxiliar poderiam receber penas de até seis jogos de suspensão, enquanto Casares e Ambrogi corriam o risco de serem suspensos por até 180 dias.
O caso de Belmonte era mais complexo: ele também foi denunciado por ter xingado o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, de “português de merda”. Isso ampliava a pena máxima possível para 270 dias, considerando as sanções previstas nos dois artigos em que foi enquadrado.
São Paulo está feliz com acordo
Apesar do montante significativo que terá que desembolsar, o São Paulo, segundo seus dirigentes, está satisfeito com o acordo. O clube afirma que as multas impostas a Belmonte, Casares e Ambrogi, totalizando R$ 110 mil, serão pagas pelos próprios dirigentes.
Os dirigentes tricolores analisaram que havia um risco considerável de que seus atletas recebessem punições superiores a um jogo de suspensão.
O caso de Calleri, que já estava suspenso no clássico, era visto como o mais propenso a uma condenação, com a possibilidade de uma suspensão de até quatro jogos, o que o afastaria de toda a reta final do Paulista.
Assunto encerrado
Além disso, os dirigentes consideram o assunto encerrado, que gerou grande repercussão após o clássico, especialmente devido ao comportamento de Belmonte, com uma reação contundente do Palmeiras em defesa do treinador.
O São Paulo temia que o episódio se prolongasse por meses nos tribunais, com a possibilidade de recursos até o STJD, no Rio.
No entanto, causou incômodo o vazamento do vídeo de Belmonte horas antes da homologação do acordo pelo TJD. O São Paulo enviou a gravação ao tribunal para que fosse analisada antes da assinatura do acordo.
O TJD considerou o acordo satisfatório. A procuradoria, que trabalhou para costurar a transação, entende que Belmonte não saiu impune: ele precisou gravar um vídeo de retratação pelo que disse sobre Abel, foi multado em R$ 50 mil e está proibido de comparecer aos jogos do São Paulo até o final do Campeonato Paulista.