Em entrevista ao ge, Fábio Carille, treinador do Santos, comentou sobre a fase que o time paulista vive. Com cinco rodadas de antecedência, o clube já havia conquistado a sua vaga para as quartas de final do Paulistão.
O técnico relembrou a sua passagem pelo V-Varen Nagasaki, problemas que teve no Japão e pontuou os motivos que levaram a sua saída do Santos em 2022.
Saudade do Brasil e contato com o V-Varen Nagasaki
Durante a entrevista, o treinador do Santos comentou sobre a sua adaptação ao Japão. “Quanto à alimentação (no Japão) não há dificuldade alguma. Atualmente, 320 mil brasileiros moram no Japão, tem mercados nossos e não nos falta nada”, disse ele.
Porém, Carille admitiu que sentiu saudades, principalmente da sua família, enquanto estava no Japão: “Em relação ao que vivi lá, o que eu mais sentia era em relação à família. Minha filha casou, e eu estava distante. Mas não foi isso que determinou a minha volta. Foi essa camisa e esse lugar em que, por seis meses, fui muito feliz.”
Questionado sobre o V-Varen Nagasaki, com quem teve problemas em relação à saída do clube, após o não pagamento da rescisão, o treinador destacou que ficou surpreso com a reação do presidente do time. Segundo ele, não foi atrapalhado de qualquer forma:
“Até o começo de janeiro o presidente me ligava tentando resolver, me oferecendo um tempo maior de contrato. Fiquei surpreso com a reação deles. Eu sabia que eles gostavam muito de mim, mas fiquei surpreso. Essa questão não atrapalha o meu trabalho porque, tanto o Santos, como meus representantes e advogados, estão resolvendo.”
Carille destacou que não vê a situação como um problema. “Não estou pensando nisso, ainda mais nesse período de muitos jogos não tinha cabeça para pensar nisso. Claro que as informações chegam, mas me deixaram tranquilo para pensar apenas no Santos”, destacou.
Primeira passagem pelo Santos
O treinador relembrou a sua primeira passagem pelo Santos. “Houve um problema aqui na minha primeira passagem, que foi o Edu Dracena. Não houve briga, mas ele não me queria aqui. Faz parte do futebol, mas não gostei da forma como foi conduzido. Só isso que posso reclamar”, contou ele.
Porém, para o treinador, existe uma grande diferença em relação ao que está vivendo no início de 2024:
“Hoje, vejo o presidente Marcelo Teixeira e o Marcelinho (filho do presidente) muito próximos. Isso é bom porque (as percepções) não ficam pela boca dos outros, e sim pelos olhos deles. Estão vendo diariamente o que está sendo feito e a forma como estamos conduzindo o dia a dia. Mesmo com a dificuldade que tive com o Dracena quis voltar. Há ex-jogadores que respeito demais aqui. O Clodoaldo, o Arzul, o Marcelo Fernandes. Daqui um pouquinho você está trabalhando e aparece um Edu, dali outro tempo um Mengálvio (risos). Olho e penso: “poxa, olha onde estou.”
Sobre a sua saída, em fevereiro de 2022, Carille disse que houve um grande desequilíbrio. “Muitos questionamentos na época tinham respostas que, na minha opinião, eram claras. Tivemos uma pré-temporada com desequilíbrio em quilometragem. Mas, poxa, 18 jogadores pegaram Covid na pré-temporada e foram afastados por dez dias. Como não vai ter desequilíbrio? Começaram questionamentos e brigas que já eram dirigidas para a minha demissão”, pontuou ele.
O comandante também ressaltou o desgaste que teve no Santos:
“É mais ou menos aquele caso do cara que quer largar da mulher, mas não fala para ela. Aí um dia vem com batom manchado na camisa e no outro vem arranhado para que a mulher separe e você não seja o homem a falar. Ficou desgaste. Todo dia era um probleminha. As respostas eram claras, mas esse desequilíbrio foi o principal. Acho que atrasou muito a vida do Santos. Eu saio e na outra semana chegam seis ou sete jogadores. Só atrasou a vida do Santos, eu fui viver, andar, continuei trabalhando.”