Em entrevista para a colunista Monica Bérgamo, do jornal O Globo, Julio Casares, presidente do São Paulo, abriu o jogo sobre o futuro do clube.
Em uma conversa franca, o mandatário do Tricolor citou a venda do Morumbi, que foi negociada com a Mondelez, e citou as dívidas do clube paulista.
Morumbis
O presidente citou a parceria que fechou para o naming rights do Morumbi, estádio do São Paulo. “É difícil a marca de uma empresa de celular, de carro, vingar no lugar do nome Morumbi. Pensamos em Morumbic [da caneta BIC], Morumbig [do supermercado Big], tudo para negociar o nome sem perder a nossa essência. E fizemos a proposta para a Mondelez [que fabrica o chocolate BIS]”, destacou ele.
O mandatário, porém, não revelou valores e citou o sucesso da negociação:
“Não posso falar de valores, mas nossa negociação do naming rights, por três anos, foi a maior já realizada, proporcionalmente [a imprensa fala em R$ 25 milhões]. E a resposta foi tão grande que eu até vou sentar com os empresários daqui a um ano e dizer: ‘Vamos prorrogar esse contrato, em outras brs?’ Até o metrô anuncia a estação [na região do estádio] como “Morumbis”.
Brigas entre torcidas
Outro assunto abordado pelo mandatário do São Paulo foi em relação às brigas das torcidas do estado. Casares revelou a boa relação com Leila Pereira, do Palmeiras. “Um dia a Leila [Pereira, presidente do Palmeiras] me ligou perguntando se eles poderiam jogar no Morumbi, porque haveria show no Allianz Parque [estádio do Verdão]. Eu falei: ‘Claro que sim'”, disse ele.
“Eles já jogaram aqui duas vezes, e nós, uma vez lá [no Allianz]. Muita gente dizia que era um perigo [as torcidas depredarem o estádio adversário]. Confesso que dormi preocupado, “pode acontecer uma desgraça”. Mas acreditamos. E deu certo”, afirmou o presidente do São Paulo.
Além disso, Casares explicou a sua opinião sobre as brigas nos estádios. “Em São Paulo não pode bandeirão nos estádios, não pode cerveja, não pode torcedor [de outro time]. Por mais que tenha aspectos de segurança, cabe uma maior discussão”, disse ele.
“O cara bebe fora do estádio — cerveja, destilado, bebida às vezes sem procedência — e entra pouco antes de o jogo começar, já turbinado. É um contrassenso, uma hipocrisia”, detonou o presidente.
Torcida antiga
Por fim, o presidente comentou sobre seu tempo de torcedor e destacou o que passava naquela época:
“Eu sou do tempo em que a entrada dos jogadores em campo era um acontecimento. Entrava o primeiro time, a torcida dele fazia uma festa, papel picado, fogos. Entrava o outro, a torcida adversária comemorava. E ali a gente já media [quem estava mais forte]. Entrava o juiz, e todo mundo vaiava.”
“Hoje os dois times entram com o hino oficial da federação, da CBF, como na Europa. Mas o Brasil tem particularidades. Eu espero que o futebol de São Paulo volte a conviver com torcidas contrárias, como ocorre em outros estados. Poderíamos propor um piloto, algo como as delegações chegarem juntas no mesmo ônibus nos estádios. É importante dar o exemplo”, citou Casares.