Em entrevista ao ‘ge’, o treinador Renato Portaluppi, que está no Grêmio, comentou sobre a sua habilidade de gestão. Um dos principais nomes quando o assunto são os comandantes, o técnico explicou a história das caixinhas e citou a passagem de Luis Suárez no Tricolor.
Gestor e técnico
O treinador destacou a sua habilidade de gestão dentro dos clubes em que trabalha. “A principal qualidade do treinador é ser gestor do grupo. É lógico que você tem que entender do futebol, tem a parte tática, a parte técnica”, destacou Renato Portaluppi, que detonou a CBF.
“A gente tem 20 anos ali no campo, mas você gerir, ser gestor de um grupo de 30, 35 jogadores todos os dias? Eu nunca tive problema com jogador. Quer dizer, então, eu gosto que eles trabalhem com alegria, que cheguem no clube com alegria, do que chegar no clube desanimado. “Pô, lá vou eu, treinar naquele clube, droga, aquele treinador…” Não”, explicou ele, que completou:
“Então para mim isso aí, sim, é uma qualidade que poucos têm. Você conta na mão. E essa pesquisa, é só você fazer com os jogadores do Brasil todo e vamos falar quem saber gerir grupo. E isso é fun-da-men-tal. É o pai da família, você tem aí a família aí de quatro, cinco pessoas. Se o pai e a mãe não souberem administrar a família, imagina quatro, cinco pessoas, agora, imagina se administrar 30, 40. Principalmente do jeito que está o mundo hoje.”
Celulares são proibidos
O treinador destacou que proíbe celulares nos treinamentos do Grêmio. “O celular hoje é a pior doença para o jogador de futebol. E para o treinador. Tem horas que sim. Porque tem hora para tudo”, contou o treinador do Tricolor.
“Eu tenho a caixinha, é uma coisa minha antiga. Não vejo nos clubes a caixinha… hoje em dia ela é fun-da-men-tal. E comigo ela vai para onde eu for, ela vai. As regras vão comigo, onde trabalhar. Onde não tem caixinha, vira bagunça”, explicou ele, que completou:
“Já falei para eles, uma hora dessa o cara vai cair dentro do campo, vai entrar a maca. O cara vai meter a mão na frente da sunga, vai puxar o celular e vai fazer uma ligação. Só está faltando. Por isso que tem que ter caixinha. E com multa pesadíssima.”
Questionado sobre Suárez ter ajudado com a caixinha, o técnico destacou que o jogador era completamente profissional durante a sua passagem pelo Grêmio. “Assim, tem horas e horas para eles usarem os celulares. Dentro daqueles horários não tem problema nenhum. Mas o cara pisou na bola, está fora do horário, vai ser multado”, contou ele.
“Por exemplo, nas refeições. Eu chego nos clubes os caras estão assim, digitando, comendo, digitando, comendo. Daqui a pouco esquece da comida e fica só no celular. ‘Pô, espera aí…’ Cheguei em clube em que 30 minutos antes do aquecimento, os caras estavam no celular”, contou o treinador.
“Tem alguma coisa errada. Aí o cara lá fora está falando com ele problema, problema… Aí o cara entra com aquele problema na cabeça”, completou Renato.
Adrenalina de treinador
De acordo com Renato, a adrenalina de preparar um jogo o deixou bastante animado. “De preparar o time na semana, do estádio lotado, de ser criticado ou elogiado. Ligo para a crítica quando ela é válida”, destacou o treinador.
“Sendo elogiado, sendo ovacionado no dia seguinte por fazer essa mudança taticamente. Um jogo importante que classificou o time, foi campeão com o clube. Isso tudo é lógico que faz parte”, completou o comandante do Grêmio.
De acordo com o treinador, ele não sente falta dessa pressão durante as férias:
“Me desligo totalmente. O cara vem falar de futebol comigo nas férias e digo: ‘Meu amigo, estou de férias’. No máximo, faço as fotos e tal. ‘Mas estou de férias, respeita meu espaço. Até porque em um mês a minha cabeça está a mil e você não me deixou curtir…’. Minha galera já não fala de futebol no bar, na praia comigo. Digo, estou de férias.”
De acordo com o treinador, nesses períodos sequer ligar a televisão, pois chega cansado em casa. “Não, eu chego cansado em casa. Vou para a praia, chego tarde da noite. Chapado…”, contou Renato Portaluppi aos risos.