No primeiro dia do julgamento em Barcelona, nesta segunda-feira (5), Daniel Alves conseguiu a condição de depor por último perante a Justiça espanhola. De acordo com os jornais “La Vanguardia” e “El Periódico”, a vítima, durante depoimento confidencial, reiterou as acusações de agressão sexual contra o jogador brasileiro.
Daniel Alves, que está em prisão preventiva há mais de um ano, acompanhou a audiência no Tribunal de Barcelona sem estar algemado.
Pedido da defesa
A advogada de Daniel Alves, Inés Guardiola, teve seu pedido de suspensão do julgamento oral negado. Ela tentou abordar diversos pontos em sua argumentação, como um período inicial de investigações realizado sem o conhecimento do jogador, no qual ele poderia ter feito um teste do bafômetro, e a recusa do juiz de instrução em permitir que um segundo perito examinasse a denunciante.
Ela também argumentou sobre um “julgamento paralelo” na imprensa que teria influenciado o magistrado. Ela informou que o lateral-direito enfrenta uma situação econômica difícil, incluindo uma dívida de meio milhão de euros (R$ 2,7 milhões) com a Fazenda da Espanha, além de possuir uma conta no país com 50 mil euros (R$ 267 mil) e outra com saldo negativo de 20 mil euros (R$ 107 mil).
Vítima manteve acusação
Conforme relatado pelos jornais La Vanguardia e El Periódico, a vítima reafirmou ter sido agredida sexualmente por Daniel Alves, mantendo a mesma posição desde o início do processo. Seu depoimento durou cerca de uma hora e 15 minutos.
O depoimento aconteceu a portas fechadas, com a voz distorcida e sem contato visual com o brasileiro. Essas medidas foram adotadas pelo tribunal visando a proteção da identidade da denunciante.
Também nesta segunda-feira, uma amiga e uma prima da vítima prestaram depoimento. As três estavam na boate Sutton na noite de 30 de dezembro de 2022, quando o jogador teria cometido o estupro. Elas afirmaram que a denunciante está traumatizada, relatando que ela teria dito que “ele (Daniel Alves) me fez muito mal” e que “não confia mais em ninguém”.
Além do depoimento do porteiro do estabelecimento, dois garçons foram ouvidos. Ambos afirmaram não terem notado “nada de estranho” no comportamento de Daniel Alves, levando em consideração o consumo de álcool durante a noite.
O segundo dia do julgamento
A terça-feira reserva os depoimentos de 22 testemunhas, incluindo Bruno, amigo de Daniel Alves que estava na boate, e a esposa do jogador, Joana Sanz. A audiência está marcada para começar às 11h (horário de Brasília).
O julgamento na 21ª seção da Audiência de Barcelona é presidido pela juíza Isabel Delgado Pérez, acompanhada dos magistrados Luis Belestá Segura e Pablo Díez Noval.
No decorrer do julgamento, a defesa de Daniel Alves planeja apresentar uma quinta versão do que teria ocorrido naquela noite. Conforme relatado pelos jornais La Vanguardia e El Periódico, o brasileiro alegará que estava embriagado na madrugada em questão. A advogada Inés Guardiola sustentará que o acusado “não tinha plena consciência do que fez”.
Caso seja condenado, a Justiça impôs a Daniel Alves o pagamento de 150 mil de euros (R$ 783 mil) à vítima, como compensação por danos morais e psicológicos.
O lateral-direito encontra-se em prisão preventiva no Centro Penitenciário Brians 2, nos arredores de Barcelona. Não há um prazo definido para a apresentação da sentença final.