O presente de 22 anos de Anthoni chegou dois dias antes. Não da maneira como imaginava, mas o acaso o fez repetir a caminhada de Alisson, revelado pelo Internacional e hoje no Liverpool.
Encarou o desafio de substituir Ivan no intervalo, fez a estreia como profissional e pulou de quarto goleiro a titular na hierarquia colorada na vitória sobre o Avenida por 1 a 0 no Beira-Rio.
O aniversariante desta terça-feira (23) começou no banco no insólito domingo (21). Rochet foi vetado durante a semana em razão de um desconforto na região torácica. Keiller, antigo titular, sobrou dos relacionados. Isso também pelo fato de Emerson Júnior, terceiro goleiro até o ano passado, ter sido emprestado ao Atlético-GO.
Estreia pelo Inter
O camisa 24 acabou requisitado por Eduardo Coudet após Ivan romper o ligamento cruzado do joelho direito. Anthoni aquecia no gramado, enquanto os médicos observavam o goleiro.
A gravidade da lesão do colega acarretou na desejada oportunidade após dois anos no elenco principal. Apesar do contexto difícil para o companheiro, um momento especial
“Muitos sentimentos vieram à tona. Frio na barriga, nervosismo, entusiasmo, mas acaba acontecendo muito rápido. Em questão de minutos você está dentro do campo e precisa de alguma maneira corresponder com trabalho”, contou Anthoni pela assessoria de imprensa, que conversou com o ge.
Inspiração em Alisson
Se o enredo foi inusitado, não chega a ser inédito. Longe disso. Aliás, se repetiu com o espelho de Anthoni. Há 10 anos, Alisson começou a ganhar protagonismo no Colorado.
À época, Dida foi expulso na goleada para a Chapecoense e o irmão Muriel saiu lesionado. Abel Braga apostou no atual goleiro do Liverpool, que confirmou a expectativa e iniciou a trilhar a jornada de sucesso.
“Foi um domingo muito diferente. Assim como ocorreu com o Alisson lá atrás, agora a chance apareceu ao Anthoni. Está há muitos anos no clube e conseguiu ajudar”, recorda José Maria Neis, empresário da dupla.
Apesar da surpresa, Anthoni apresentou seu cartão de visitas. Quando exigido, mostrou segurança e reflexo, como no momento em que Robert Renan tocou para trás e a saída do gol foi necessária.
Quem é Anthoni
Natural de Canela, na Serra, o goleiro trilhou caminho na base do clube. Está no Colorado desde 2010. Ainda criança, aproveitava a folga para bater fotos com os heróis Aránguiz e D’Alessandro. O destino, uma vez mais sorria. Com o ex-camisa 10, passou pouco tempo no vestiário. O volante, todavia, segue a seu lado.
“Significa mais um passo em direção ao meu sonho de poder representar e honrar essa camisa pesada. Um novo capítulo de tudo que eu construí ao longo desses 13 para 14 anos dentro do Inter”, comentou o goleiro.
A qualidade técnica já o acompanhava, mas a evolução mental é citada como um dos trunfos adquiridos nos últimos anos. Para lapidar o estilo, o camisa 24 contou com aliados da posição. Leonardo Martins, o preparador de goleiros, o auxiliou desde a base. Foi com o chefe a conversa no intervalo e minutos antes de iniciar o segundo tempo.
Se Léo passa os ensinamentos e trabalha a parte motivacional, os movimentos e a postura de Alisson são o norte seguido por Anthoni. Nas férias do goleiro da Seleção, a passagem pelo centro de treinamentos colorado é parada constante. Momento do jovem titular absorver novas lições.
“É o ídolo dele. O Anthoni copiava a frieza do Alisson. Goleiro que se enerva corre muitos riscos. O Alisson é muito simples. Quando vem nas férias com o Taffarel, todos grudam neles. São diferentes, tanto no dom quanto na conduta”, destacou Zé Maria.