A Justiça suíça revogou a sentença que condenou o treinador Alexi Stival, conhecido como Cuca, por envolvimento em atividades sexuais com uma jovem menor de idade, Sandra Pfäffli, na época com 13 anos, em 1987.
Tudo teria acontecido no hotel onde a equipe do Grêmio estava hospedada durante uma excursão no país. A decisão foi proferida pela juíza Bettina Bochsler, do Tribunal Regional de Berna-Mittlelland.
A defesa do treinador havia entrado com um pedido para a realização de um novo julgamento, principalmente após o escândalo da contratação de Cuca pelo Corinthians. A notícia foi inicialmente divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo e posteriormente confirmada pelo O GLOBO.
Defesa de Cuca entrou com pedido
Num primeiro momento, a equipe de defesa contratada por Cuca buscou a abertura de um novo processo, argumentando que ele havia sido julgado à revelia, sem a devida representação legal. Os documentos referentes à decisão da juíza revelam complicações na comunicação entre o advogado de defesa, Peter Stauffer, contratado pelo Grêmio, e o ex-jogador do clube gaúcho. O defensor se desligou do caso um ano antes do julgamento, em 1989.
A equipe de defesa de Cuca reuniu novos elementos com a intenção de demonstrar a inocência do atual treinador em um possível novo julgamento. O pedido foi inicialmente acatado pela Justiça do país. Contudo, quando instado a se pronunciar, o Ministério Público local argumentou a prescrição do crime e propôs a anulação da pena, bem como a extinção do processo. Essa sugestão foi acolhida pela juíza no último dia 28.
Cuca se pronuncia
É fundamental destacar que a Justiça local não reexaminou o mérito do caso, que foi julgado em 1989. Não houve uma revisão do veredito original, mas sim a extinção do processo em questão. Como parte desse desfecho, Cuca será compensado com uma indenização de 9,5 mil francos suíços (equivalente a R$ 54,8 mil). A decisão foi divulgada nesta quarta-feira (2).
Por meio de sua assessoria de imprensa, o treinador comentou sobre a decisão da justiça. “Hoje eu entendo que deveria ter tratado desse assunto antes. Estou aliviado com o resultado e convicto de que os últimos 8 meses, mesmo tendo sido emocionalmente difíceis, aconteceram no tempo certo e de Deus”, afirmou Cuca.
Entenda o caso
Cuca foi condenado por sua participação em um caso envolvendo outros três atletas do Grêmio durante uma excursão pela Europa, ocorrida em um hotel em Berna, quando ainda era jogador. Ele, juntamente com Henrique Etges e Eduardo Hamester, recebeu uma sentença de 15 meses de prisão e uma multa.
Enquanto o quarto envolvido, Fernando Castoldi, foi considerado cúmplice e teve uma pena mais leve, de três meses de prisão e multa. Nenhum dos condenados cumpriu a pena, pois não estavam na Suíça durante o julgamento e nunca mais retornaram ao país.
É importante ressaltar que a anulação do processo se aplica exclusivamente ao treinador Cuca e não abrange os outros indivíduos condenados.
O escritório do advogado que havia abandonado o caso um ano antes ainda estava registrado como o domicílio legal do então jogador. Na sua decisão, a juíza Bettina Bochsler considerou um equívoco o fato de Cuca não ter sido devidamente notificado legalmente da audiência e, posteriormente, da condenação. Como resultado, ele não teve a oportunidade de se defender adequadamente e de recorrer da decisão. Isso ocorreu, apesar do descuido por parte dos próprios atletas na época.